sexta-feira, julho 29

Silêncio: da fúria fez-se o pedido

r
rr
crr
sh! ...
soco!
corro!
corro!
soco!
Sh!...
crr
rr
r
...

Só corro!
Soco, soco, soco!
Corro! Corro! Corro. Cor r o. C o r r o . . . C o r . . . o r

Sh!...: socorro.

Falhas procrastinadas

Esc!
Esco
cola
Esco
ria
Ria!

Amém.

sos:
esco
Eco!
Esc!
es...
es..
e.
e
.
e
es
corro! Corro... co
rr!
o!
rr!
orr
ex-corri: an do sem presssssa?
Escola? Cola? Eco? Escória? Ria!
olhos
es
cor

Ex-cor!

porém

orem

olhos esc

esc...

escorrem. Sem oração.

esc!

(o programa executou uma operação ilegal e não será fechado)

quinta-feira, abril 14

Contra(-)tempo

O medo de inexistir a perseguia entre lacunas desmemoriadas. Vazios a assomava desde o despertar da cafeína matinal até a entrega exausta a uma insônia dissolvida em camomila. Mais uma alta madrugada, pálpebras insistentemente abertas, olhos vasculham um passado num corpo encolhido que busca aconchego num futuro. Mas tudo que ela tem é esse nada que é, descrente em respostas ou sentido pra uma vida pretérita-imperfeita num subjuntivo incisivo que a martiriza à cada derramamento de sol em sua janela, a cada meia-palavra, a cada vidro estilhaçado, susto ou suspiro. Quando criança encarava o espelho: era pura potência. Anos depois a imagem era um porvir desesperançoso. Na velhice abdicou-se de rituais com refletores: a senhora que uma vez a olhou de volta, com olhos grandes de incompreensão e piedade, não poderia mais se fazer-se visível. Sua própria identidade fora dissolvida. Não mais se reconhecia. Nada ali era seu, nada a pertencia além da única e certa espera inevitável de não mais despertar, que poderia fim às essas miseráveis migalhas de memória vis que a vida tramou e o tempo se encarregou, de torná-las em penitências noturnas inconfessáveis. Cada ontem era um misto de angústia e alívio: o tempo era deveras devastador e, pra seu consolo, também escasso. Aprendeu a arte de perder. De não estar. De não ser. Respirava fundo, fechava os olhos. "Não sou nada, não posso ser nada e não tenho em mim nenhum sonho." Ria com essa idéia: os poetas da sua juventude se agarraram em algum feixe de luz de sua memória, mas até mesmo estes o tempo, de todos, e a vida, só dela, atiravam prum canto escuro e quase inviolável em forma de baú reminiscente de desespero e miséria. Permanecia com os olhos fechados durante horas, esperando a morte e, paradoxalmente, sentia-se viva.

Profecia e lugar-comum



Ouviu num não-lugar o seguinte enunciado, proferido com odor etílico e palavras não mais cambaleantes: o mundo se divide em pessoas que temem a morte e os que vivem. Guardou pra si, mas despretensiosamente. Seria só mais uma frase de efeito dita por um senhor bêbado numa rodoviária. Seria...

terça-feira, fevereiro 15

La larme

Olhos d'água dor,
Sou teu náufrago.
Mas tu piscaste...
Escorro no vazio.

domingo, setembro 19

blabla ble Mimi mi

Falando francamente, o esperado é que o conhecimento gere angústias insaciáveis, que se retroalimentam. O previsível é o recolhimento por não identificação, a clausura por opção, o silêncio como ataque e o desdém como escudo. O extraordinário é presenciar o conhecimento transfigurar-se em sábios pássaros de rapina, em oásis de porvir, em inusitados seres do devir e para o devir. O devir larva, é deste que vós falo, amigo. Agora vá, seus livros são âncoras. Não, não se iluda: estas larvas que traz em folhas datilografadas não são devires: é procrastinação, inércia e velharia, mas nem por isso não lastimarão pela borboleta interrompida; suas lágrimas lhe serão úteis, não pelo conhecimento (narcísico) que hasteia, mas que para esta âncora que carrega contigo cumpra sua única função... É lastimável que não consiga, amigo, com isto, cachoeiras que lhe seriam fênix, mas sim esparsos e calmos vales de lágrimas. Eu?! Eu estou cada vez mais convencida de que ‘ser afetada’ pelo que lê é fácil, o difícil é reunir forças pra continuar a viver ao lado de quem desconhece o lido... (como se fosse só isso... enfim, ...)

terça-feira, abril 13

domingo, (ainda termino)

Ela era só uma pessoa, só, ainda que aos domingos nela lhe transparecessem três gerações, definidas e separadas tão visivelmente como [...] Período de uma criança de 6 anos, intercalado por uma mulher de meia idade e anoitecia com 75 anos. O tempo é uma vã medida. Não somente porque, lhe aparentava que estava diante de uma vida inteira num espaço de tempo equivalente à um dia, mas sim por conseqüência de que naquele lugar, o tempo, ao contrário, parava. Relógios não aceleravam seus ponteiros regressivos da vida velozmente, eles simplesmente omitiam tal ação, foram relapsos e a deixava inerte: petrificada pela sucessão de fatos, atemporais, que refletiam toda a inconstância da alma humana exposta à inflexível [...]
O seu domingo, portanto, acorda com o gosto impaciente da infância. Tantas coisas à fazer:


[ preguiça, tenho de transcrever o que tá num bloquinho de notas que fez questão de se esconder =/ ]
terminarei em breve, assim que encontrá-lo (ou me encontrar [...] enfim, voltarei. no próximo domingo, provavelmente. ^^
ai ai, como descrever meus domingos em família, como... ?! levaria uma vida... e ainda assim não compreenderia por inteiro, estou certa disso... mas, estipulei um prazo, de uma semana, até passar por ele novamente, verificar a meia-noite, e vir pra cá. rs ^^

ia deixá-lo mais coerente e "legível", mas [...]

O consenso empobrece o conhecimento. A ciência é feita de conhecimento, portanto, ela fica menos interessante advinda de um comum acordo entre todas as partes envolvidas na questão.
E tem que ser interessante, não adianta só publicar e aumentar o lattes se pessoas não lerem o que você escreve. Se você não é lido, você não existe, não importa a extensão do seu currículo. A atração é vital à vida, e a vida acadêmica não foge à regra. Seduzam seus leitores, e não façam acordos de co-autoria com seu amiguinho, só pra sempre duplicar os erros e omissões. Façamos uma ciência revolucionária, uma ciência para ser vista, revista, engolida, digerida, julgada, aclamada, repudiada por muitos, por todos. Esqueça a pretensão internacional de seu texto que será alcançada assim que você coloca a sua introdução, palavras-chaves e conclusão no tradutor. O inglês, dessa forma, será irrelevante se pretende realmente que suas palavras ecoem pelo mundo. Trate de aprender todas as línguas de todas as nacionalidades que sua obra “científica” que almeja aaaaaaarrrrghhhh! Que almeja o além “restritivismo” (disso também, viva os neologismos, viva a inovação real, viva o caos acadêmico! Todos os modelos científicos, da maneira como estão estruturados, sufocam o novo. A engrenagem está enferrujada mas os alunos insistem em escrever da mesma forma que seu orientador escreveu há meia década! Está definhando, multiplicação de números, busca incessante por números, luta de egos, saca, tuuudo isso

Eu falo de uma filosofia da ciência pós-moderna. Falo de uma revolução do conceito de ciência. Falo ... falo¿ mas, alguém escuta. Aí está o 'problema'.

eu, num dia no fim de março, 2010.

segunda-feira, abril 12

Brevidade do desencontro, 5 min.

Ele chega, suspira, abre a mochila, senta-se, olha para o horizonte. Suspira. Não encontra. Horizonte. Pensa. Não se dá conta do que está a sua frente. A maior de todas as descobertas. Ela, escreve. Vê, para.repara. Olhares. Troca. – O Amor.
Ele a acompanha, sem se dar conta. Distância mantida. Deslacra o seu (antigo dela) Marlboro Vermelho. Cumplicidade mordaz. Sinto-a. Acendamos!
Olham pra infinitos opostos, horizontes inacessíveis reciprocamente. Mas, eu sei. O vento diz, o tempo contradiz: minha outra metade da aula de etnologia se inicia. Lástima¿ Não, só lágrimas de incompreensão de mundos.
[ e nossas bitucas queimam simultaneamente, [...] esquecidas, descartadas, atiradas ao chão, queimam, na mais perfeita sintonia. ]

sábado, abril 10

não queria fechar a janela sem "documentar"

o trecho abaixo foi copiado de uma caixa de diálogo de msn. Escrevi ao olhar pra janela, tinha acabado de acordar. A pessoa com quem estava falando também havia dito que iria tirar uma soneca... e, pra incomodá-la, cá estou.
enfim, cá está - o que havia escrito para fazê-la despertar, ao invés de usar um outro recurso, menos prático pra mim, e que não diz muito "Emilaine, acabou de chamar sua atenção" ... Sem mais delongas, dando "ctrl c" + "ctrl v" :

“Acorde, acorde: apronte-se e venha ver a noite anunciar seu mistério, revelar suas caprichos estelares e suas audácias lunares e travessuras cósmicas! a noite espera, ansiosamente, por um admirador não secreto, por um observador atento, por uma alma sedenta de luz. a noite, espera luz. mas, hoje, ela irradia feixes misteriosos, nunca dantes tão reluzentes. hoje ela é reflexo. hoje ela é mistério,
porque hoje ela é um ‘simples’ reflexo de você.
E não consigo desvendá-la, só a admiro. Tem algo de instigante, algo que continua indecifrável, embora à frente de meus olhos, tão distante, tão fascinante, tão... estelar: ilumina, embora (ou em função disso) a distância exista, mas é relativa: com você, posso tocá-las! mas, não me atreveria desnudar a admiração e encontrar um céu árido, só nebuloso e tempestuoso. ou pior: encontrar o mesmo céu, todos os dias de indiferentes estações..."

[ tá bom, confesso que dei uma espichadinha nas aspas! rs O mandado pelo msn foi somento o que está em no formato Itálico. ^^ ]

quarta-feira, abril 7

e, dando uma olhada no dicionário (sim, não o leio periodicamente (rs), mas às vezes faço o exercício de abrir em uma página e ver o que "ele" tem pra me dizer naquele dia... mais ou menos como os católicos fazem com a bíblia... ) encontrei uma palavra que me intrigou, não pelas suas primeiras definições, mas sim me fascinou pelo grande arcabouço da sabedoria popular e todas as suas significações magnifícas que nos convida a refletir...
Sem mais delongas, a palavra era "Ressentido", e o que anotei de seu significado foi:

"3. Pop. diz-se de fruto que começa a apodrecer."

uau.

adultério da alma


o pensamento nos trai, sempre

o corpo não, nunca.

[ estamos conversados?! ]


sábado, março 6

Insana Epópeia



"O primeiro humano que insultou o seu inimigo, em vez de atirar-lhe uma pedra, inaugurou a civilização."

Sigmund Freud
[ desenvolver o pensamento, dps ]

Do Desejo

E por que haverias de querer minha alma
Na tua cama?
Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas
Obscenas, porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro. E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos.
Ou tenta-me de novo. Obriga-me.


Colada à tua boca a minha desordem.
O meu vasto querer.
O incompossível se fazendo ordem.
Colada à tua boca, mas descomedida
Árdua
Construtor de ilusões examino-te sôfrega
Como se fosses morrer colado à minha boca.
Como se fosse nascer
E tu fosses o dia magnânimo
Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer.

Que canto há de cantar o que perdura?
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os lençóis:
O que tu pensas gozo é tão finito
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível

E o que eu desejo é luz e imaterial.

Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer
?

Hilda Hilst




sexta-feira, março 5

Peso da Racionalidade Contraditória




Sem pensar
Nem pensar
Sem pesar
Nem pensar
Sem pensar

cá estou, cá hei de permanecer.




Emilaine Prado,

06 de março de 2010.

Incompletude



Rios, solidários...
Risos, solitário...

e cada um segue seu curso
(gota alguma chega ao oceano)





Emilaine Prado,
6 de março de 2010,
madrugada, olhando a chuva.

quinta-feira, fevereiro 25

Científico Passional

Lágrimas quentes,
Lâmina fria,
Corte neutro,
Cicatrizes tendenciosas.
Emilaine Prado,
Out, 2009





Inflexão no ciclo, ordem no descontrole

Limiar
Calçada
Fim
Primeiro
Segundo
Terceiro
Quarto
Cama
Clímax
Cigarro
Continuação
Caos
Começo
Calçada


Emilaine Prado,
Janeiro, 2010.

Epifania temporal

Acho que o tempo tem a mania torta de passar a mão em mim. Por trás! Ei, por que não me encara de frente?! Sou eu quem não posso lhe dar as costas, não é ?! Sim, sou eu! Essa, sou eu ?! Tempo, passa. Suas mãos, suas garras. Passa, em minha face. Marcas, pegadas na areia da vida. Tempo voraz, implacável. Tempo... sei o que você quer de mim agora! E vai me ter, mas à força. Vou me desfalecendo em seu sopro fatal cotidianamente, religiosamente, fervorosamente. Cara a cara, só eu e você... Temo? Não mais... tempo, doutra forma implacavelmente ingrato. Olho no olho, tempo e eu. Tempo e meu tempo. Meu?! Sim, meu! A sós. Compreensão, convalescimento, cumplicidade.
De bom grado aceito as carícias da morte. É o sopro de alívio momentâneo que ilude. É o sopro eterno que sufoca.

Emilaine Prado
12/Out/2009